domingo, 4 de janeiro de 2009

Arrepio...




Porque a noite chegou de mansinho, anunciada por um céu em tons laranjas, vermelhos e azuis... e lentamente, ficou a chamar o meu nome. Vezes sem fim, repetidamente, sem cansaço.
O meu nome nas luzes que reflectem no rio, nas pedras da calçada, nos olhares dos outros, nas estrelas, nos becos e nas ruas, na musica, no silencio, nas vozes dos bichos e dos anjos... em todos os lugares o meu nome.


Fecho os olhos, inspiro. Sorrio.
É hoje. É hora. É agora...

Vou sair por aí...e com estas mãos tocar o amor, num toque de pólen para depois lembrar.
Hoje eu vou deixar...
Deixar que a pele grite...
Deixar que a pele queime...
Deixar que a pele arrepie...

Que a alma vagueie, destemida, por entre todos os lugares.
Sorver a vida assim, numa taça de champanhe, na pressa de quem não quer acabar. Na lentidão de todos os sentidos, num torpor... com a precisão do tempo, nem antes nem depois.

Ser carne, alma, corpo, ser suor, tesão, paixão, sangue, ser coração acelerado, ser ponte, ser rio, ser mar... ser travo a saliva, desejo, ser vontade, ser alfa e ser ómega, ser jogo e jogar, ser dama e ser eu... ser tudo e ser nada. Dar tudo sem nada dar.
Sem nunca deixar de ser ser...


Hoje será assim.
Não foi ontem porque não era tempo, não será amanhã. Amanhã será tarde demais.
É neste instante, neste momento. Não pode ser doutra maneira.

Hoje quero que seja assim. Sentir o arrepio, o vazio, todas as galáxias em mim...
É noite lá fora... e eu vou deixar.
Deixar que a paixão entre devagar.
É que penso que está há tempo demais batendo à porta, baixinho....

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