segunda-feira, 4 de agosto de 2008

vidas próprias ...

É engraçado como o passado está cheio de memórias… de quem já partiu, de quem está, de quem não sei se irá ficar… A vida é mesmo assim, não? Redutível a um conjunto de partidas e chegadas… repleta de encruzilhadas onde nos perdemos e encontramos de novo…

O meu passado está repleto de imagens… de lugares, de cheiros, de rostos… amigos que partilharam da minha infância e que não voltei a ver… pessoas que lembro mas de quem, na sua maioria, não sinto falta. Não sei porquê. Talvez porque quando somos crianças o caminho é o mesmo para todos… até à separação… à medida que vamos construindo vidas próprias afastamo-nos… não apenas dos outros, mas daquela inocência alegre de crianças em que os afectos são tão naturais como o simples acto de respirar numa idade em que é fácil criar laços com perfeitos estranhos…



Sinto falta desse tempo… gostava de poder acreditar ainda no pai Natal que adora leite e bolachas e deixa sempre presentes no sapatinho por artes mágicas, mesmo quando não existe chaminé… sinto falta dessa inocência de poder acreditar que todos os sonhos são concretizáveis e de que todos somos, no âmago, bons e justos… a de querer para os outros meninos e meninas a mesma alegria que partilhamos entre nós… a de não nos apercebermos do quanto custa ver um laço cortado para sempre pela força do destino… a de acreditarmos que, apesar de tudo e de todos, podemos um dia fazer a diferença num mundo que para os outros já não tem remédio… um mundo no qual vemos falhas que nos minam as forças de tão grandes… mas para onde foi a inocência de querer tentar? Para onde foram os sonhos de construir um mundo melhor? Para onde foi a coragem de ousar sonhar mais alto não só para nós mas para todos?

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