quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Era uma vez um caixinha de música.



Ela vivia num lugar escuro e poeirento, e não era uma caixinha feliz.
Havia algo diferente nas suas engrenagens, feitas de material barato.
Queria ir além da embalagem escura e apertada "Made in Formosa".
Sonhava em conhecer o mundo.
Um dia, foi embrulhada e levada embora.
Depois de muito tempo, o teto de papel foi aberto e um lugar amplo e claro, com paredes de muitas cores, gritou aos seus olhos.
Assustou-se com o vento e com a luz do sol que vinham de uma janela.
Não compreendeu, mas sentiu a vibração do azul, do rosa, do verde, do chão escuro.
Seu corpinho onde lía-se" I love you", estremeceu de emoção.
Era muito mais do que havia imaginado. Soluçava notinhas entrecortadas, da única música que conhecia.
Porém, e sempre tem um porém, o impacto das cores e das luzes, foi tão violento, tão brutal, que cegou seus olhinhos acostumados á escuridão.
A caixinha estava cega.
Mas a pequena nem percebeu, pois toda aquela maravilha já impregnara na sua alma de caixinha de música. Pra sempre.

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