Ser poeta é ser mais alto, é ser maior Do que os homens! Morder como quem beija! É ser mendigo e dar como quem seja Rei do reino de Aquém e de Além Dor! É ter de mil desejos o esplendor E não saber sequer que se deseja! É ter cá dentro um astro que flameja, É ter garras e asas de condor! | É ter fome, é ter sede de Infinito! Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim ... É condensar o mundo num só grito! E é amar-te, assim, perdidamente ... É seres alma, e sangue, e vida em mim E dizê-lo cantando a toda a gente! |
segunda-feira, 28 de julho de 2008
MUITOS POETAS...
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4 comentários:
Assobiando pela estrada fora
Vai um camponês-- aos ombros um sacho
Com uma aguilhada conduz o gado
Descalço vai, mas nem se importa
É um paraíso a sua ilha toda
Mas vai absorto, distraído, alado
Sonhando um dia poder mudar seu fado
Espera poder ir-se dali embora
Para terras longes, para terras grandes
Onde melhor sorte possa encontrar
Fugir ao destino que o prende ao mar
Ouvem-se p'los pastos chocalhos distantes
Bucólica a terra de encantos tais
Não o deixará, dele não sairá jamais.
A vida é um forno
Onde se coze o pão
Padeiro é o fôlego
Fermento o coração
Amassado com gosto
Com esforço e paixão
--Cada broa é um consôlo
Promessa, missão
O espírito é a massa
A côdea é o corpo
Conforme a chama
Sai duro ou sai fôfo
Conforme o ardor
Sai anjo ou diabo
Fresco e bom p'lo amor
P'lo vício queimado
Padeira, Padeira
De rosto abrasado
Olhai a braseira
tomais de nós cuidado
Este aqui já se abre
A brasa o queima
Padeira, comadre
Vem ao forno, espreita
Traz p'ra cá a pá
Padeira depressa
Que na hora está
Do pão ir p'ra mesa
Lavrador, lavrador
Prepara-me o vinho
Que seja do melhor
Que seja do mais fino
Sobre esta minha mesa
Coloca a toalha
Sobre ela a candeia
De luz e de graça
Fresquinho o pão
Mais uns bolos de massa
Depois da procissão
Sabe bem vir p'ra casa
Quero escrever versos,
Versos de amor, de ironia,
Quero preencher todos os espaços,
Desta folha vazia.
Quero, ao escrever,
Ser completamente livre,
Lembrar-me do que quis ter,
Mas que nunca tive.
Quero com estas tantas palavras,
Que escrevo sem encontrar fim
Encher além destas folhas brancas,
Os espaços imensos que há em mim.
Lembrar, esquecer
Dormir, acordar,
Desejar morrer,
E depois lamentar.
Senti a presença da solidão,
Ri as lágrimas que não chorei,
Agindo com o coração,
Sempre errei.
Escrevo partes do que sou,
E dedico-tas a ti,
Mas só eu o sei,
Não sairá daqui.
Todas as lágrimas foram enxutas,
Neste pedaço de papel, que agora é um pouco de mim,
As minhas palavras sentidas, doces ou brutas,
Assim como eu chegaram ao fim.
As varandas já não têm vasos.
Os vasos já não têm flores.
As flores já não têm pétalas.
As pétalas já não têm cores.
As praias já não têm gente.
A gente já não tem esperança.
A esperança já não espera.
Quem espera já não alcança.
O sol já não tem brilho.
O brilho já não tem magia.
A magia já não tem ilusão.
A ilusão já não traz nostalgia.
A justiça já não tem seguidores,
Os seguidores já não têm razão,
A razão já não tem certeza,
A certeza já não é tida em consideração.
Os humanos já não têm amor.
O amor já não tem felicidade.
A felicidade já não tem orgulho.
O orgulho já não tem vaidade.
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